Rolling Loud abandona Portugal: festival de hip hop não regressa em 2025

O festival internacional de música Rolling Loud, dedicado ao hip hop, não terá edição em Portugal no próximo ano. A confirmação foi dada por fontes ligadas à organização nacional do evento, que decorreu em edições anteriores na Praia da Rocha, em Portimão, no Algarve.
Desde 2022, o Rolling Loud fazia parte do calendário de festivais de verão em solo português, partilhando o recinto com o Afro Nation. Entre os nomes de peso que subiram ao palco em Portimão encontram-se Travis Scott, A$AP Rocky, J. Cole e Future, artistas de renome que ajudaram a atrair milhares de fãs ao sul do país.
Tiago Castelo Branco, diretor-executivo da empresa MOT — uma das entidades parceiras na organização do festival — confirmou que a não realização da próxima edição resulta de “uma decisão do detentor da marca”. No entanto, o responsável não descarta a possibilidade de o evento regressar a Portugal no futuro, embora não haja, para já, qualquer indicação nesse sentido. Contactado, o Rolling Loud não respondeu até ao momento da publicação.
Por sua vez, a Câmara Municipal de Portimão esclareceu que nunca existiu um protocolo formal com o festival Rolling Loud e que as declarações anteriores feitas sobre eventos no recinto referiam-se exclusivamente ao Afro Nation. Esta distinção vem reforçar que o município não estava diretamente envolvido na continuidade do Rolling Loud no concelho.
A edição inaugural do Rolling Loud em Portugal foi inicialmente planeada para o verão de 2020, mas, devido à pandemia de covid-19, acabou por ser adiada duas vezes — primeiro para julho de 2021, e posteriormente para 2022, ano em que finalmente se realizou.
A primeira edição, em 2022, teve uma forte adesão, com 55 mil espectadores ao longo do evento, segundo números divulgados pela organização. Contudo, em 2023, registou-se uma queda acentuada na procura, com apenas 20 mil bilhetes vendidos, de acordo com João Gouveia, assessor da autarquia de Portimão. Este declínio poderá estar relacionado com a estratégia dos promotores de realizar três edições europeias — em Portugal, Holanda e Alemanha — o que, segundo Gouveia, pode ter diluído o impacto do evento no Algarve.
“Notou-se uma quebra significativa na venda de bilhetes, e percebeu-se que o segundo ano não teve o mesmo impacto que o primeiro”, afirmou o assessor, destacando uma possível saturação do público-alvo, composto maioritariamente por estrangeiros.
O festival, direcionado para maiores de 18 anos, tinha como público principal jovens internacionais à procura de uma experiência musical de grande escala. A ausência da edição de 2025 levanta agora questões sobre a sustentabilidade de grandes eventos musicais focados em nichos específicos e dependentes do turismo.