Rebeca: Uma Voz que Venceu a Doença e Nunca Deixou de Cantar

Desde muito cedo que a música fez parte da vida de Rebeca. Ainda mal falava e já subia a cadeiras para cantarolar melodias. Aos 12 anos, começou a atuar em festas e casamentos, e aos 17 lançou o seu primeiro álbum. O percurso artístico de Rebeca, nome artístico de Cláudia Sofia, natural das Caldas da Rainha, é marcado por talento, resiliência e amor pela música.
Filha de Helena e Joaquim, Rebeca cresceu num ambiente familiar unido. Tem uma irmã mais nova, Vanessa, que integra o grupo de bailarinas da cantora. O pai, músico de profissão, acompanha-a para todo o lado e assume o papel de manager – título que recusa, preferindo ser apenas “pai”.
A paixão pela música revelou-se desde muito cedo. Aos 11 anos, recebeu o seu primeiro órgão e rapidamente passou a ser presença assídua em todo o tipo de eventos. Ingressou no Instituto Vitorino Matono para estudar órgão e, mais tarde, dedicou-se ao Conservatório, onde estudou piano, formação musical e técnica vocal. Também deu aulas de piano e canto.
A oportunidade de entrar no mundo discográfico surgiu quando um amigo ouviu Rebeca cantar e incentivou-a a mostrar o seu talento. Foi assim que surgiu a ligação à editora Espacial e ao compositor Ricardo Landum, com quem construiu grande parte do seu repertório. Outro nome essencial foi o de Ágata, que a apadrinhou artisticamente e sugeriu o nome “Rebeca”.
Atualmente, Rebeca divide-se entre os palcos, as aulas de música e a vida familiar. Já gravou vários discos, percorreu o país de norte a sul e atuou para comunidades portuguesas em diversos pontos do mundo. O filho, Robim, de 16 anos, também demonstra aptidão para a música e até participou na gravação do seu mais recente single, acompanhando-a na guitarra.
A vida da artista, no entanto, não foi feita apenas de momentos felizes. Rebeca enfrentou dois cancros. O primeiro, na tiroide, surgiu quando o filho tinha apenas dois anos. Foi um choque enorme, mas conseguiu ultrapassar a doença. Após oito anos de tranquilidade, em 2017, recebeu novo diagnóstico – desta vez, de um cancro da mama. A luta foi árdua, marcada por tratamentos intensivos e um isolamento doloroso. Durante seis meses, Rebeca esteve fechada em casa, a viver uma profunda depressão.
A mudança começou quando decidiu tornar pública a sua batalha. Ao partilhar a sua história, encontrou força e apoio no carinho do público. “Estava infeliz. As quimioterapias, as radioterapias e não poder cantar, que é o que mais amo, deixaram-me em baixo. Quando decidi dar a cara e continuar a fazer os meus concertos, tudo mudou”, afirmou em entrevista.
Hoje, Rebeca é uma artista com uma história de superação, uma mulher que nunca deixou de cantar mesmo nos momentos mais difíceis. Reencontrou o amor ao lado do primeiro namorado da adolescência, e continua a viver nas Caldas da Rainha, onde tudo começou. Olhos nos olhos com a vida, com a música e com quem a acompanha desde o início.